oram realizados exames em um pequeno número de pacientes, considerados de alto risco, que mostraram disfunções no sistema de serotonina no cérebro, por onde é controlado o humor, o sono e o movimento.
O estudo, que é conduzido por pesquisadores do King's College London, diz que a descoberta pode levar a novas formas de tratamentos e monitoramentos.
Entretanto, de acordo com especialistas, é necessário que seja realizado estudos mais amplos antes e tornar os exames mais acessíveis.
Sendo uma condição neurológica degenerativa progressiva, o Parkinson afeta cerca de 200 mil pessoas no Brasil. Entre os sintomas da doença estão: tremores, movimentos involuntários e rigidez - problemas de memória, sono e depressão são comuns.
Tradicionalmente, é acreditado que a doença esteja ligada a uma substância química chamada dopamina, em falta nos cérebros de pacientes com a doença.
Mesmo ainda não existindo cura, há tratamentos para controlar os sintomas. O tratamento consiste em restaurar os níveis de dopamina.
Em artigo publicado na revista científica Lancet Neurology, os pesquisadores do King's College sugerem que as mudanças nos níveis de serotonina no cérebro acontecem primeiro, podendo agir como um sinal de alerta.
Foram analisados os cérebros de 14 pessoas de vilarejos remotos no sul da Grécia e na Itália, todos com mutações raras no gene SNCA, o que torna quase certo que desenvolvam a doença, de acordo com os pesquisadores.
Metade desse grupo havia sido diagnosticado com Parkinson, enquanto a outra metade não apresentava nenhum sintoma, fazendo deles candidatos ideais para estudar a forma que a doença se desenvolve.
Comparando o cérebro deste grupo com de outros 35 pacientes com Parkinson e 25 voluntários saudáveis, foi identificado pelos pesquisadores mudanças cerebrais precoces em pacientes na faixa de 20 e 30 anos.
Marios Politis, principal autor do estudo, do Instituto de psiquiatria, Psicologia e Neurociência do King's College, afirma que as anormalidades foram identificadas muito antes dos distúrbios de movimento começarem e antes dos níveis de dopamina terem mudado.
Ele explica:"Nossos resultados sugerem que a detecção precoce de alterações no sistema de serotonina poderia abrir portas para o desenvolvimento de novas terapias para retardar e, finalmente, prevenir a progressão da doença de Parkinson".
Derek Hill, professor de diagnóstico por imagens da University College London (UCL), no Reino Unido, diz que a pesquisa forneceu alguns conhecimentos valiosos, mas também apresenta algumas limitações.
"Os resultados podem não ser escalados para estudos maiores", avalia.
"Em segundo lugar, o método de imagem usado é altamente especializado e limitado a um número muito pequeno de centros de pesquisa, por isso ainda não é útil para ajudar a diagnosticar pacientes ou até mesmo para avaliar novos tratamentos em grandes estudos clínicos."
"A pesquisa encoraja, no entanto, a abordagem de tentar tratar o Parkinson o mais cedo possível, o que é provavelmente a melhor oportunidade de impedir o crescente número de pessoas cujas vidas são destruídas por essa doença hedionda."
Beckie Port, gerente de pesquisa da instituição Parkinson's UK, no Reino Unido, avalia que são necessários estudos complementares:"Mais pesquisas são necessárias para entender completamente a importância desta descoberta - mas se for capaz de revelar uma ferramenta capaz de medir e monitorar como o Parkinson se desenvolve, isso pode mudar inúmeras vidas."
"Mais pesquisas são necessárias para entender completamente a importância desta descoberta - mas se for capaz de revelar uma ferramenta capaz de medir e monitorar como o Parkinson se desenvolve, isso pode mudar inúmeras vidas."